sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Ecovila Clareou

Não sei bem como falar sobre isso, mas depois da visita que fiz à Ecovila Clareando em Piracaia, interior de SP no último final de semana, achei que deveria dizer algo sobre essa experiência, nem que fosse um depoimento.

Pensei também se existiria algum cruzamento interessante entre psicanálise e  uma atitude sustentável e não precisei ir muito longe para perceber que é possível pensar sobre a insatisfação dos sujeitos nas vidas que levam nas grandes cidades, que é crescente à medida que se conquista mais e mais, seja conforto, facilidades eletrônicas ou mais dinheiro para conseguir tudo isso. É um anúncio, mas não será tratado aqui.

A Ecovila Clareando é um condomínio com lotes à venda como os demais, com a diferença  que tem a proposta da bioconstrução. Isso quer dizer que todas as pessoas que compram um terreno lá devem ter a preocupação de construir sua casa de maneira sustentável. Deve-se procurar soluções que não agridam o planeta, incluindo a coleta da água da chuva em seu projeto e preocupando-se com o consumo excessivo de energia, por exemplo.

Se espera encontrar, como eu, um bando de gente de bata, recitando mantras e tentando viver em comunidade, você poderá frustrar-se e surpreender-se . O perfil das pessoas que têm seus terrenos ou casas na Ecovila é na sua maioria de profissionais liberais, por volta de quarenta anos, bem sucedidos, já que construir uma casa com essa proposta custa mais caro que uma edificação convencional, gente que mora ou morou em São Paulo e tem se preocupado em viver de maneira melhor e  com atitude sustentável.

Há um esforço genuíno de experimentar uma vida em comum. No período que estive lá tivemos uma festa junina e um almoço com quase todas as pessoas que estavam no condomínio neste dia. Vão construir um centro comunitário e há uma proposta de ter horta e padaria coletivas.

O mais difícil pelo que percebi, e isso é apenas um recorte, é mudar as atitudes de quem está acostumado com uma vida urbana. O lixo, por exemplo, é uma questão importante. Após o almoço fiquei alguns bons minutos pensando onde jogaria a casca de um pedaço de melancia. Que tipo de lixo era aquele? É comida pras galinhas, me responderam. Ufa! Eu já estava guardando numa sacolinha que deixei no carro, de lixo retornável pra São Paulo.

Viver entre vários e com uma proposta de algo parecido com uma "comunidade" também não é tarefa fácil. Basta pensar nas reuniões de condomínio do prédio, se é que já participou de alguma, para lembrar-se dos impasses. A lógica do contemporâneo prega o individualismo e a Ecovila o contrário. O que notei foi um esforço em manter o comum alinhado à proposta do lugar, o que já é bastante e merece crédito.

Fico com a imagem de um lugar lindo, cravado no meio da Mantiqueira, cheio de pessoas bacanas e com a proposta de viver melhor. Isso me fez repensar muitas atitudes, e seja na Ecovila ou na cidade, minha vontade é de viver parecido e sei que muita coisa tem que mudar.

2 comentários:

  1. A cada linha ...pensava " ai caraca será que poderia viver assim ???" mas felizmente ou infelizmente um "mal" ou "bem" necessário.
    Mas fica na cabeça será que as luzes da cidade o concreto e simplismente jogar o lixo no lixo já não é o bastante ou poderei vive sem a facilidade do chuveiro super hiper mega quente ??
    Perguntas, duvidas ahhh deixe pra lá...bjs Allice

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  2. Oi, Kenia, querida amiga... Passei apenas para deixar um terno abraço e dizer que estou com saudades, muitas saudades de você... Te gosto muito...

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