quarta-feira, 26 de maio de 2010

A arte do desapego (sem titulo melhor por enquanto)

Como é sabido, eu e amigas faremos um bazar de trocas (post abaixo). A idéia nos parece bem bacana além de contribuir com o planeta, etc, etc.

Desavisada que sou, o que eu não sabia era que isso exigiria mais do que esta boa iniciativa das participantes. Antes do bazar, o que temos que praticar é a "arte do desapego".

Não dá para trocar com as amigas uma peça velha, acabada, ou que você usou no seu baile de formatura em 1989. Como você gosta muito dessas pessoas e não quer fazer feio, tem que escolher peças legais mas que já não usa tanto, ou que faz muito tempo que não coloca e provavelmente não vai mais usar e até aquelas que comprou há um ano e não usou uma única vez (vai dizer que não tem uma dessas?). Como é difícil!

Isso me faz pensar que quando queremos agradar um outro com quem você se importa de verdade e tem uma relação, complica. Não é a mesma coisa quando fazemos uma doação pra uma instituição de caridade ou vendemos pra um brechó.

Como bom neuróticos tudo o que fazemos está relacionado ao Outro e para o outro. A neurose também explica a necessidade em se apegar às coisas, aos lugares, àquilo que é conhecido e nos traz mais conforto e é bom que seja assim. Em exagero isso vira doença, donc, para minhas amigas vou separar as peças mais lindas! Aguardem.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Troca-troca

Esse blog evita publicar coisas muito pessoais, afinal isso não interessa para quase ninguém além de mim, mas essa iniciativa, além de ser coletiva, vale a pena!
Faremos eu e algumas amigas, um troca-troca, sim, de roupas, bijoux, bolsas e sapatos. Ou seja, vamos poder pegar tudo aquilo que não usamos mais e trocar com as outras, como uma reciclagem. Teremos a oportunidade de usar peças novinhas, ou novidades para cada uma de nós, sem gastar nada. É uma atitude sustentável, bacana e aproveitaremos para fazer uma farra.
Quem sabe lendo esse post, alguém não se anima e multiplica a idéia? Pode ser até que publique umas fotos. Aguardem mais posts íntimos.

domingo, 16 de maio de 2010

Mulher gato aos 80

De fato é duro envelhecer com dignidade.
Não sou do tipo que acha que velho tem que conviver com velho, fazer passeios de terceira idade, ginástica às cinco e meia da manhã no parque pra depois passar o resto do dia entediado.
Também abomino aquele tipo de pessoa ou frase que diz: "eu tenho sessenta com cabeça de vinte". Me pergunto qual  a vantagem, se o melhor de ter sessenta é a experiência da idade?
Mas sessenta também não é velho. É pouco mais da metade da vida se considerarmos que as pessoas passaram a viver até os cem. Tenho uma tia que acaba de fazer sessenta, trabalhando, namorando e indo pra praia todo final de semana.
E oitenta? Oitenta tem a minha avó e deve ter a Elza Soares, que tive o desencanto de ver na Virada Cultural deste ano.Por ela e pela "Virada", mas essa é outra história.
Ela é uma velhinha, poderia estar dormindo às quatro da manhã. Por que não colocaram o show dela no dia seguinte, de manhã ou à tarde, sei lá?!? Se fosse minha avó eu a tiraria de lá.
Ela chegou apoiada em duas pessoas por causa da dificuldade para andar. E apoiada ficou durante o show, numa cadeira que colocaram no palco. Vestida de mulher gato e com o acúmulo de plásticas que deve fazer desde os anos 60, era de se ficar envergonhado. Disse uma amiga: " Eu estaria na casa dos artistas."
Eu estaria em casa, artista ou não, vivendo a vida como ela é aos oitenta. Ahhh, e sobre a Virada, eu também estaria em casa, alíás, ano que vem, certamente estarei. Grata pela atenção.

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Estranhezas e afins

Há dias, noites, que têm uma certa estranheza. Acontecem coisas esquisitas, daquelas que não dá pra explicar. Mas eu tento.
Começou comigo e uma amiga em busca de uma meia-calça em uma, uma não, várias, farmácias. Eu não sabia que vendiam meia-calça em farmácias. E não vendem, mas ela teimava que vendiam. Terminamos parando num desses mercados express. Lá pensávamos que vendiam, e vendem, o que não é tão estranho assim.
Seguimos. Fomos ver o marido dela, que é músico, tocar em uma casa. Sim, uma casa mesmo. Chamava-se "Casa de Francisca". A Francisca não estava lá, nem era dela a casa, mas se fosse, teria que ser "Casa da Francisquinha" porque era tudo muito apertado. Acomodei a bolsa diversas vezes e em lugares diferentes. Terminou no meu colo, não cabia em lugar algum.
E os músicos, coitadinhos! O palco era muito, mesmo, apertado. Eles, espremidos, tentavam tocar. Eram cinco caras num palco feito pra um, e magro. Ficou estranho.
Não era uma balada, mas era algo parecido. Uma das meninas da mesa pede uma bebida: chá. Era de anis, escutei dizer que dá um barato. Mas chá na balada? Preferi ficar com uma garrafa de Merlot que dividi com minha amiga, e uma outra menina bacana e de saia esquisita.
Comi um bolinho que parecia carne, mas não era. Bom. Mas não era carne, era bom, mas era grão de bico.
Por fim a música era boa, jazz misturado com não sei o que. Prefiro assim, coisas que não compreendemos por inteiro. Sobra espaço pra sentir.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Minha Alice em 3D



Fora os efeitos especiais que pra quem é antiga como eu, surpreendem, a Alice de Tim Burton não faz o mesmo. Não pelo filme, que gostei muito. É a personalidade da mocinha que chama atenção.

Garota mais normal, impossível:  é loira, magra, inteligente, chega atrasada em festas e tem um mundo paralelo em que pode realizar suas fantasias, já que na vida real cumpre bem o protocolo. Mas não é o contrário? Pode perguntar quem viu o filme. Claro que não!

Quando ela foge de um casamento com um carinha feio, chato e com rinite se parece muito com qualquer menina de vinte e poucos fã do Justin. Ela não quer a mesma vida da irmã, que pelo casamento fica com um marido que a trai. E mais, quer uma carreira; nossa Alice vira uma mulher de negócios. Fico pensando numa Alice estudante da GV, partindo pra um MBA nos EUA, que sonho...

E o coelho de casaca? Não basta ser coelho, tem que ser bem vestido. Um Ricardo Almeida ou um Armani lhe cairiam bem. Tudo isso, para dizer à Alice, que o tempo corre, urge, que é necessário correr e lutar contra todos os "monstros" pra se dar bem na vida. Estude, leia, acesse as redes sociais, corra, assista aos filmes indicados para o Oscar, seja linda como a rainha Branca, do contrário, cortarão sua cabeça!

A espertinha ainda usa uma tática de auto-ajuda para enfrentar o pior dos inimigos. Sugestiva, pensa que é possível superar qualquer coisa, basta acreditar. Acaba se dando bem. E ainda aconselha uma tia que enlouquece esperando um marido de que príncipe encantado não existe, ela que procure um médico. Em tempos de fluoxetinha, quem precisa de um príncipe, não é mesmo Alice?

Imagino uma Alice aos trinta e poucos, indecisa entre fazer uma lipo ou uma grande viagem. Culpada em ter escolhido a carreira ao invés de ter filhos, ou não ter tempo para os que teve. Corra, Alice, corra! Não precisa ser tão perfeita e contemporânea. Não precisa ser em 3D. Eu quero ter o direito de ser a outra Alice, aquela do País das Maravilhas. Posso?