quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Manhã do Dia Mundial sem Carro


Hoje, dia 22 de setembro, é o Dia Mundial sem Carro. Tenho acompanhado este dia há algumas edições. No ano passado peguei uma carona para colaborar, mas confesso que foi só agora, por influência do meu lindo namorado que "bicicleteia" pela cidade desde o início do ano, que dei mais atenção à causa.

Decidimos deixar o carro em casa e ir aos nossos destinos utilizando outro meio de transporte. Eu, de metrô até o trabalho (que é mesmo pertinho de casa). Ele, num desafio maior, de bicicleta da ZL até a Paulista.

Fomos num pulo de casa até o metrô, menos de 10 minutos a pé e apareceu a primeira dificuldade: onde fica a ciclovia da Radial? (o Arthur seguiria por ela) O jeito era entrar na estação para perguntar. Na entrada, uma placa, dificuldade 2: não é permitido o tráfego de bicicletas. Não foi exatamente uma dificuldade porque a bicicleta do Arthur é dobrável. Foi o que ele fez, dobrou a Dahon e subimos as escadas do metrô.

Já na catraca, pois eu entraria para pegar o metrô, dificuldade 3. Pergunta o bem informado funcionário: " Você vai embarcar com isso aí?" Nos olhamos com ar de "calma é o Dia Mundial sem Carro" e o Arthur diz ao rapaz: " Isto é uma bicicleta e é permitido trafegar no metrô com ela dobrada. Aliás, o Senhor sabe onde fica a ciclovia?" Não, ele não sabia, ou sabia mais ou menos e pediu confirmação ao colega.

Eu, já passada a catraca, segui minhas duas estações rumo ao trabalho pensando que além da falta de educação, os funcionários das estações  têm pouca ou nenhuma informação de como podemos utilizar os meios de transporte na cidade. Um dia depois do caos que sofreu o metrô em São Paulo e dos mais de 170 km de congestionamento na volta para casa, me causa indignação o descaso do funcionário.

Após 20 minutos cheguei ao meu destino, o Arthur em 45 estava na Paulista. Nada mal para uma cidade como a nossa, desabituada a olhar para essas questões.

domingo, 12 de setembro de 2010

Imagem, cem sentidos

"Maldicidades" é o nome da exposição de Miguel Rio Branco no MIS, em São Paulo. Com curadoria do próprio fotógrafo, que também é pintor, diretor de cinema e artista multimídia, o trabalho ganhou liberdade para o autor e expectador.

São cerca de quarenta fotos expostas em um andar do museu, sem legendas, sem história intencionalmente não contada pelo autor. Resta aos visitantes como eu, e aos pouco entendedores como eu, sentir. É o que se pode tirar de melhor dessas imagens.

As cidades são mostradas muito em vermelho e amarelo, algumas vezes em cores tão fortes que as "apagam". Outras vezes, são os detalhes que as escondem, ou os cortes. Desaparecem as cidades para surgir os sujeitos excluídos delas.

Escancarando a exclusão o autor não se retira de provocar nojo, pena, choro e mostrar o abandono que as cidades provocam nas pessoas. Me vi sozinha numa sala de espelhos. Às vezes acompanhada desse misto de pena e desamparo que está contido na cidade.

Posso sentir agora o quente da bela tarde de sol em que circulamos pelo museu em contraponto à belas imagens recém vistas. O experimento de sentir a imagem eu revivi nesta exposição, vale tentar.