terça-feira, 13 de julho de 2010

Medir é humano

Se é humano tem mania de medida. Mede tudo. Com fita, com polegada, com o olho.
Eu gosto de medir com o tempo, mas aí fica tão longe. Media as mudanças por carnavais, a primeira no carnaval de 2004, a volta, no fevereiro de 2007. Veio a festa junina de 2008 e acabou com o carnaval. Lembro do  carnaval de 2009, normal e o de 2010, mais normal ainda. Parecia que ia esperar outra festa de reis, mas não precisou, antecipou, outro tempo, desmediu, veio antes.
A chegada, desta vez, do outono, das folhas que caem sem fazer alarde. E passo a medir por cheiro, de vinho do inverno, de cama sem fazer, de cabelo mal lavado.
Se for medir por quilômetro é cheiro de mato, de terra, de chuva no caminho, de chuva como hoje, de creme pelo corpo, de piscina e de rio.
Dá pra medir por trecho, como um conto, mas eu prefiro uma narrativa, que mede o que foi percorrido. E se eu meço é como os taxímetros, que começam a medir sem fim para chegar.

Inspirado nos poemas de Manoel de Barros.


3 comentários:

  1. Lindo....!!! já estava ficando preocupada pela ausencia de palavras
    Bjs

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  2. Alicinha, a ausência é de palavras escritas, que de tão intensas, estão sendo elaboradas.
    Obrigada pelo com. Saudades.

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  3. Oi, Kenia... Sou eu, o Geraldo. Cancelei minha conta do Google e por essa razão, meu "G." desapareceu da lista de seguidores. Mas, ainda estou por aqui, viu? Não te esqueço de gente nenhum... Grande abraço!

    Geraldo Lima

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