segunda-feira, 14 de junho de 2010

Nas curvas da estrada

O terceiro dia era também o último e começou com boas surpresas. A primeira delas foi um sol maravilhoso que nos acompanhou por todo o caminho. Imaginem o que é isso depois de um dia inteiro de chuva e lama.

Tive a ótima surpresa de recuperar meu celular. Eu o havia esquecido em Luminosa, na correria, ao lado da cama. Contei a história pela manhã à Alice que imediatamente sacou seu celular e contatou Dona Ditinha. Ela havia achado o aparelho e poderia enviar por um ciclista em nosso último destino, Campos do Jordão. Quando eu chegasse ao Recanto dos Peregrinos em Campos, recuperaria meu telefone. Caminhei mais feliz e acreditando, mesmo, na boa vontade das pessoas.

Neste dia, foram conversas com pequenos grupos de amigos de cada vez e oportunidade de curtir o caminho. Nem me lembro mais se haviam muitas subidas "ingrids" que me deixariam "aconfortável", né Cida?

Me recordo bem da conversa sobre molho bechamel com Juan, que nos ensinou a receita de seu  macarrão ao molho de fungui. É delicioso, eu já experimentei. A Lu entrou na conversa e já que culinária não é o seu maior interesse, seguimos falando sobre música francesa, Piaf e a tradução de " Ne me quitte pas". Isso nos lembrou, à mim e ao Arthur, uma série de músicas "dor de corno" como "Atrás da porta" do Chico, mas logo passou, demos risadas e continuamos o caminho.

Feliph e Veruska vinham ou logo atrás, sentinelas do grupo, ou bem na frente, como nossos guias. Cris veio com um papo de academia, Jose falava da inauguração de um shopping, em uma de suas histórias formidáveis. Logo chegamos à Igreja Nossa Senhora da Saúde, em Campos do Jordão.


Na porta da igreja Nossa Senhora da Saúde

Talvez não precisasse dizer, mas digo, o quanto é emocionante chegar à esta igreja e perceber que estamos quase cumprindo todo o percurso, lembrar das dificuldades e facilidades, ter certeza de que alcançaremos o fim. Arrisco que só aí começamos a ter idéia de que havíamos formado um grupo.

Mais um pouco e já estaríamos almoçando e divindindo uma cerveja, ou mais de uma, num restaurantezinho na entrada de Campos. O prazer de comer bem e bater papo com os amigos, simples assim, foi algo que recuperei depois de três dias de caminhada e espero levar comigo.

No Recanto dos Peregrinos, onde finalmente estava meu celular, decidimos nem tomar banho. O ônibus já nos esperava e preferimos seguir direto pra São Paulo. Foi lá que resolvi dar um presentinho para a Bete, amiga querida da equipe. Era algo simbólico, mas nos emocionamos, acreditem, com uma pinça!  As sombrancelhas de Bete nunca mais serão as mesmas. Detesto depoimentos que valham pra todo mundo ou coisa parecida, mas é verdade que essa experiência pode nos mostrar o valor de pequenas coisas, como a volta com o grupo no ônibus.

Exaustos, com bolhas nos pés, costuradas ou não, a sensação era de que para cada um e de maneira diferente, algo havia mudado. Para os mais religiosos, o caminho pode ser reanimação da fé, para os menos, é superação, encontro. O sentimento de pertencimento a um grupo que busca se não o mesmo objetivo, um fim comum, muito me tocou.

Ao som do rei Roberto e depois do nem tão rei Julio Iglesias, seguimos cantando, contando histórias do caminho e de fora dele e percebemos que o bacana é estar com amigos na estrada, entre curvas que nos levam nem sempre sabemos pra onde.

5 comentários:

  1. Keninha...
    Deixei para comentar no final da história, e por sinal que linda história !!
    Por motivos que ja conhece, não participei da caminhada, mas me senti caminhando junto com os amigos, lendo seus posts !!!
    Que orgulho de ser prima de uma escritora talentosa como vc !!
    Parabéns pela bela história, e por ter concluido a caminhada debaixo de chuva, frio e com muitas bolhas no pé!!
    Que valor de ter você como prima, irmã e principalmente minha melhor amiga!!
    Beijosss
    Amo VoCê Lindona..
    Debora Leite

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  2. Keninha e Debora,
    Que orgulho também ter duas sobrinhas como voces, que entendem o verdadeiro sentido do amor, da alegria de viver que descobrem a cada dia o valor (Que valor) das pequenas coisas.
    Vejo voces caminhando ao encontro do que realmente importa,ter amigos, ter alguem para compatilhar e disponibilidade para amar.
    Amo vcs de paixão
    Tia Cida

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  3. Olá, Kenia... Tudo bem? Amei o novo visual do "Garota Mediana"! Ficou tudo de bom... Parabéns! Grande abraço...

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  4. Agora tenho que deixar meu coms geral...que lindo este post alias escrito lindamente como todos os outros, orgulho não é só tia Cidinha que sente...tenho certeza que a Cidinha lá de cima tb e ela já te olha com carinho especial.
    Estou feliz e emocionada que bom que Deus nos presenteia com amigos tão queridos pessoas do bem que se agrupam em busca nem sabem do que? e de repente temos não um só ideal mas vários um para cada momento da vida.
    Adorei ser BI (calma BIatleta contigo) e agora Peregrina oficial com direito a bolhas e tudo( afinal vc sabe quanto mais elas aparecem mas pecados temos...tadinho do Rei Arthur rsss...ops eu tb não fico atrás com a tonelada que já tive )
    Linda simplismente te amo
    Bjs
    Allice

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  5. Kenia,
    Não tinha conseguido ainda parar para ler com carinho tudo o que você colocou!!! Amei cada linha e a leitura fluiu como se estivesse novamente percorrendo todo o caminho! Foi muito bom te conhecer e a todos os novos amigos e sentir o quanto é importante construirmos amizades ao longo de nossas vidas! Não vejo a hora de encontrar a todos no puxadinho!!
    Beijos no coração!

    Moneti

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