terça-feira, 19 de janeiro de 2010

É proibido fumar

O filme que leva o título acima é nacional, simples, mas não é óbvio. A trama é mesmo muito boa e quase surpreende.

A ótima Glória Pires, que também está no péssimo tal filme sobre o Lula ( eu não vi, mas é o que dizem), faz o papel de uma professora de violão que deve ter comprado sua última peça de roupa numa liquidação da Riachuelo em 1985. Ela é antiquada, seu apartamento fora de moda e seu corte de cabelo não se usa mais.

Tudo isso para caracterizar alguém com medo de mudanças, inclusive de largar o cigarro, que vive no apartamento deixado pela mãe, com os mesmos objetos e lembranças que restaram desde sua morte.

Acontece que aparece um vizinho tão estranho quanto ela, Paulo Miklos, também em boa atuação, músico "como ela", por quem começa a se interessar. Logo ao se mudar ele dá a dica: " Chame pro que precisar. Uma xicrinha de açúcar, uma massagem..."

Ele passa a ser a oportunidade que ela precisava para sair da monotonia do apartamento e discussões com as irmãs mais bem sucedidas, por causa de um sofá deixado de herança por uma tia querida. É também o pretexto, ou impulso pra ela largar o cigarro. É bem marcado quando ela começa a se depilar e aparecer em algumas cenas com as unhas pintadas de vermelho.

Legal é notar como as espionagens aconteciam antes dos orkuts, msns, twitters e afins. Quando quer saber se ele está tendo um caso com outra menina bem ao lado do seu nariz, ela simplesmente faz um furo na parede, que serve para observar o que acontece no apartamento vizinho. Descobre o caso com a ex de seu atual amante, o que a faz sofrer.

Não pretendo contar o que torna o enredo interessante à certa altura, mas posso dizer que é uma manifestação  insconsciente muito bem colocada no filme. O desejo existe, está lá, e mesmo que não intencionalmente, acaba acontecendo numa atuação ( no sentido psíquico) da personagem principal.

Baby, a personagem, passa a viver da manutenção de um segredo e de um vício. Fumar continua sendo proibido mas necessário para ela, como a loucura e um novo amor.

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