terça-feira, 2 de março de 2010

Eu li

O livro que merece o post é sobre o médium mais conhecido no Brasil, ou pelo menos entre os leigos. Uma biografia do Chico, o Xavier, escrita pelo jornalista não-espírita, Marcel Souto Maior.

Não fosse pelas frases entrecortadas pelo autor, o livro seria de ainda mais fácil leitura, mas fico pensando que não há mesmo outro jeito de contar uma história com tantas outras histórias contidas, se não dando pulos aqui e lá, para que o leitor tenha uma visão mais "completa" do que foi o biografado.

Estilos à parte, já que isso é muito pessoal e conta pouco, o mais interessante é o que pode ser contado. Se for pela via da psicanálise, que quase não me escapa, sua vida e fenômenos são explicados com alguma facilidade: o início das aparições depois da morte da mãe, que podiam ser como um aconchego à um menino que caiu nas mãos de uma madrasta sem nenhuma condição psíquica de criá-lo. Um pai bruto e ignorante, sem disposição de compreender um filho preocupado com as sutilezas da vida, poderia justificar seu encaminhamento pelo oposto, pelo belo, pelos livros e disponibilidade em lidar com as pessoas.

As alucinações seriam fenômenos elementares da psicose, e a tendência ao isolamento e a dificuldade em lidar com a sexualidade, explicariam uma vida solitária e sem nenhuma demonstração de amor que não fosse do tipo fraternal.

É claro que tudo isso merece também ser visto a partir das explicações da doutrina, no livro, bem colocadas sob a ótica de um jornalista. Todos esses "fenômenos" que constituíram a vida de Chico têm explicações físico/espirituais difíceis de serem contestadas. Vale a leitura para que o leigo, como eu, tire suas próprias conclusões.

Mas o que vale mesmo ser apontado, é capacidade de um homem, que teve muitas situações de reconhecimento e de poder que lhe era nomeado, ter permanecido firme em cultivar a humildade e certo de que esta posição o levaria ao melhor caminho. Dinheiro, fama, boas relações, nada disso o interessava e se, algumas poucas vezes, isso o chamava atenção como para um ser humano normal, rapidamente voltava atrás em seu "erro" e reconhecia que aquilo não o pertencia. Muitas vezes, com dificuldades econômicas mesmo para manter suas obras assistenciais ou com pessoas muito próximas gravemente doentes, rejeitou ajuda de todos os tipos, principalmente financeira, acreditando que a providência viria de outra parte, e vinha.

Finalmente, assistindo dias desses ao "making off" do filme que está sendo rodado sobre Chico, o diretor Daniel Filho declarou: "Sou ateu, mas acredito na veracidade de tudo o que Chico fez". Pois é, mas prefiro ainda acreditar na sua capacidade de ser humilde e ajudar as pessoas, isso sim, atitudes que merecem credibilidade e minimamente, ser copiadas. Vale o post, vale o livro, mais vale ainda pensar sobre isso.

Um comentário:

  1. Com certeza vou lê-lo também para minhas considerações; mas pelo pouco que conheço do muito que foi Chico Xavier o que realmente conta é a sua capacidade de não se deixar influenciar pelo mundo material que nos cerca. Dificil, né?

    Zinha

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